Um abuso sexual ignorado
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Arquivo pessoal - Por Franciane Bayer, deputada federal (Republicanos-RS).
* Franciane Bayer – Deputada Federal (Republicanos-RS)
“Vem sentando gostosinho pro pai”, “Novinha sentando, ma-macetando”, “Ai papai, macetei”. Você deve estar achando esses trechos completamente inapropriados para estarem em um jornal. E você está certo! Por que, então, aceitamos que nossas crianças estejam submetidas a conteúdos tão ou mais obscenos do que esse? Não apenas aceitamos, como achamos graça e batemos palmas. Enquanto não mudarmos isso, não haverá campanha contra o abuso infantil que resolverá o problema.
Muitas são as causas dos nefastos abusos contra crianças e adolescentes. A mais ignorada pelo poder público, pelos tribunais e pela mídia como um todo é certamente a sexualização precoce, que contribui fortemente para ambientes de estímulo aos abusos. Presente em músicas e clipes, em revistas e livros, em filmes e séries e até mesmo em desenhos animados, esse é um negligenciado, desprezado e ocultado crime contra a infância e adolescência.
A indústria do entretenimento e seus “artistas” faturam milhões de dólares conduzindo tendências comportamentais desse tipo. As músicas, por exemplo, com letras literalmente pornográficas e danças erotizadas, são apresentadas aos pequenos em shows e, especialmente, em vídeos na Internet. As crianças e os jovens dançam “sensualizando” e têm vídeos seus postados nas redes sociais por seus próprios pais. Além de fomentar o abuso sexual direto, esse é o fluxo da pedofilia cibernética, que, segundo especialistas, alimenta-se em grande medida desse tipo de conteúdo.
Na recém-criada Frente Parlamentar Contra a Sexualização Precoce de Crianças e Adolescentes, estamos estudando medidas para combater esse descaminho em todo o Brasil. Ocupamos o vergonhoso segundo lugar no ranking mundial de exploração sexual de crianças, atrás apenas da Tailândia. Diz a Constituição: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito (...) à dignidade, ao respeito, à liberdade (...), além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” Certamente, o Brasil como um todo não está cumprindo com esses deveres.
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